De pai para filho: a trajetória de duas gerações na indústria catarinense

04 set 2025

De pai para filho: a trajetória de duas gerações na indústria catarinense

No sul de Santa Catarina, em Criciúma, pai e filho encontraram propósito em um dos setores que movem a economia local: a indústria de materiais para construção civil. Valdemir Santos Joaquim e Filipe Borges Joaquim representam duas gerações que construíram suas trajetórias profissionais dentro da mesma empresa — e que hoje inspiram novos talentos da indústria catarinense.

“Essa empresa sou eu”, diz Valdemir, ao revisitar o local onde dedicou 17 anos e meio de sua vida como operador de empilhadeira. A trajetória começou em 1993, quando ele entrou como auxiliar. Com esforço e vontade de aprender, passou por vários setores, até assumir a operação das empilhadeiras. “Aqui foi minha segunda casa. Chegava de manhã e, se precisasse, virava a noite. A gente fazia com amor.” E foi justamente esse sentimento que ele tentou repassar ao filho.

Começo humilde, raízes profundas

Filipe lembra do incentivo do pai para entrar na empresa. “Ele sempre falou com orgulho da Imbralit. Dizia que era uma empresa com estabilidade, boas amizades, direção próxima dos trabalhadores”, conta. Ainda estudante de Eletrotécnica, começou como estagiário em 2010, efetivando-se como eletricista dois anos depois. Hoje, é projetista elétrico no setor de engenharia.

“Eu sempre admirei o comprometimento do meu pai. Ele cumpria horários, se desdobrava por nós. Carrego isso comigo”, diz o filho. Para Filipe, o respeito pelos mais experientes, a curiosidade técnica e a busca constante por conhecimento são pilares para crescer na indústria.

“Todo dia é um desafio diferente. A gente projeta no papel e depois vê a máquina funcionando. É gratificante”, comenta sobre seu trabalho com automação e segurança de processos.

O legado que não se compra

Ver o filho crescer profissionalmente dentro da mesma empresa que ajudou a moldar é motivo de orgulho para Valdemir. “Não tem dinheiro que pague. Ele ficou no meu lugar”, diz. “Sempre falei: mostra teu talento. Um dia, vão reconhecer.”

Filipe segue o conselho. E projeta o próprio futuro com a mesma visão do pai: “Quero sair daqui, um dia, da mesma forma que ele saiu. Com portas abertas e muitas amizades levadas para a vida.”

Visão de futuro e valorização das pessoas

Para a coordenadora de Recursos Humanos da Imbralit, Jordana Rocha de Souza, histórias como essa são reflexo direto da cultura organizacional da empresa. “Fazemos questão de investir em pessoas. O Filipe foi estagiário, foi crescendo, conquistando espaço com o próprio mérito. Isso mostra que a indústria tem, sim, espaço para quem quer crescer.”

Ela destaca ainda a importância dos programas internos de formação e o olhar atento para o desenvolvimento humano: “A gente não olha só para o currículo. Olha para o comportamento, para o comprometimento. E histórias como a deles mostram que vale a pena.”

Casos como o de Valdemir e Filipe não são isolados em Santa Catarina. Segundo dados do Observatório FIESC, mais de 68% das empresas industriais no estado afirmam ter promovido colaboradores de cargos operacionais para funções técnicas ou de liderança nos últimos cinco anos. É o talento local, somado à oportunidade, que constrói uma indústria mais forte e humana. Como resume o diretor de inovação e competitividade da FIESC, José Eduardo Fiates:

“Essa é uma das grandes fortalezas que temos em Santa Catarina: a conexão entre o jovem que está entrando no mercado e aquele que já tem experiência. E essa experiência precisa ser transmitida, precisa ser aproveitada, precisa ser valorizada. Isso cria uma cultura de pertencimento e dá continuidade à identidade da indústria.”

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